quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Minhas Paredes

As paredes ficaram brancas nos últimos dias como se descascassem uma pele cansada do inverno para expor o reflexo da luz do sol, às vezes até surge um espectro de sete cores para tentar colorir as lagrimas que marcaram tão profundamente essas paredes como fios de facas incapazes de não trazer dor. Isso ocorreu em minha ultima primavera, em dias de sol e calor sem saber que o suor que escorria do meu corpo carregava o doce salgado capaz de curar as cicatrizes por outros deixadas. Com o tempo minha memória foi se perdendo, conforme as cicatrizes sumiam e permitiam o novo se aproximar. Nos dias dos cinco meses que se passam aos poucos fui ganhando giz de cera coloridos para cobrir as paredes com meus novos sonhos, minhas novas memórias, minhas novas alegrias e neles assim como as palavras e as folhas se completam estava sempre acompanhado de um desenho que ajudou a fixar as cores do espectro em minhas paredes. Mesmo que chegue novamente a época das lagrimas do tempo as paredes mantém suas cores vivas alegrando meus sonhos noturnos e meu amanhecer. Mesmo quando longe dessas paredes ou até mesmo do desenho que comigo aparece nelas eu sei que as cores gravam lá sentimentos que não passam com o soprar do vento. É possível que o soprar do vento desses tempos difíceis esteja preparando outras paredes para nós colorirmos com nossas mãos sobrepostas e largos sorrisos no rosto.